Lucas Vázquez, agora no Bayer Leverkusen após 18 anos cheios de troféus no Real Madrid, refletiu sobre as figuras que moldaram sua notável trajetória no Santiago Bernabéu. Em uma entrevista reveladora ao programa El Partidazo, da COPE, o ponta espanhol de 34 anos destacou Cristiano Ronaldo e Sergio Ramos como os companheiros de equipe mais “espetaculares” — não apenas pelo talento, mas por sua ética de trabalho e profissionalismo incomparáveis. Além disso, escolheu Zinedine Zidane em vez de Carlo Ancelotti como o treinador que mais marcou sua carreira — um testemunho dos laços humanos e dos padrões de excelência que definiram a era dourada do Real Madrid.
A conversa de Lucas Vázquez com o El Partidazo ofereceu aos torcedores uma rara oportunidade de ouvir diretamente de um jogador que passou quase duas décadas dentro do ecossistema merengue — desde as categorias de base até se tornar campeão da Champions League. Suas reflexões têm peso porque ele presenciou e contribuiu para um dos períodos mais bem-sucedidos da história do clube, compartilhando vestiário com Galácticos, jovens promessas e ícones da prancheta.
Ao contrário de muitos jogadores que deixam o clube e se limitam a clichês, Vázquez foi específico, nomeou pessoas, elogiou qualidades e traçou distinções claras — oferecendo uma visão genuína das personalidades e filosofias que sustentaram o domínio do Real Madrid.
Quando perguntado sobre quais companheiros mais o influenciaram profissionalmente, Vázquez não hesitou: Cristiano Ronaldo e Sergio Ramos.
Sua justificativa não se baseia apenas no talento — embora ambos estejam entre os melhores de todos os tempos em suas posições — mas em sua cultura de trabalho incansável e padrões inabaláveis.
“Como pessoa, tenho muitos. Tive muita sorte de conhecer pessoas realmente boas. Nacho, [Dani] Carvajal, [Luka] Modric, Ramos, [Marco] Asensio, [Toni] Kroos… e profissionalmente, os mais espetaculares foram Sergio Ramos e Cristiano, que tiveram o maior impacto em mim por causa de sua cultura de trabalho.”
Para Vázquez, “cultura de trabalho” engloba diversos traços que definiram Ronaldo e Ramos:
Preparação incansável: ambos eram conhecidos por chegar cedo, sair tarde e tratar cada treino como uma final.
Obsessão com o corpo: Ronaldo é lendário por sua disciplina alimentar e rotinas de recuperação; Ramos, apesar da imagem guerreira, era igualmente meticuloso.
Liderança pelo exemplo: não precisavam discursar — o esforço diário falava por si.
Fome competitiva: odiavam perder, até mesmo em jogos reduzidos, criando um ambiente onde a excelência era o mínimo.
O período de Cristiano Ronaldo no Real Madrid (2009–2018) coincidiu amplamente com os anos de Vázquez no elenco principal, dando ao espanhol um assento privilegiado para testemunhar um dos maiores goleadores da história em ação.
A influência de Cristiano ia muito além dos gols:
Resiliência mental: sua capacidade de reagir a críticas e brilhar sob pressão ensinou os jovens a lidar com expectativas.
Profissionalismo como identidade: ser o melhor não era um objetivo, mas um hábito diário — e isso contaminava o elenco.
Trabalho sem bola: mesmo sendo superastro, Ronaldo pressionava, acompanhava o adversário e maximizava seu físico com esforço constante.
Treinando ao lado de Ronaldo por anos, Vázquez internalizou essas lições em tempo real.
Sergio Ramos (2005–2021) era a personificação da mentalidade vencedora do Madrid.
Seu impacto sobre Vázquez pode ser resumido em:
Cobrança e responsabilidade: Ramos não tolerava acomodação; cobrava companheiros sem hesitar.
Clutch gene: sua capacidade de decidir finais mostrou que talento precisa vir acompanhado de coragem e fé.
Lealdade e união: Ramos cultivava laços fortes no vestiário, essenciais para manter o grupo coeso nos momentos difíceis.
Intensidade defensiva: seu comprometimento físico e mental inspirava toda a equipe.
Para um jogador como Vázquez — que muitas vezes foi reserva, mas confiável — Ramos serviu como exemplo de como ganhar respeito pela consistência e pela entrega total.
Antes de mencionar Ronaldo e Ramos como os mais impactantes, Vázquez destacou outros companheiros que o marcaram como pessoa:
Nacho Fernández, Dani Carvajal, Luka Modric, Marco Asensio e Toni Kroos.
Cada um representa uma faceta da cultura madridista:
Nacho: o homem do clube, leal e discreto.
Carvajal: colega da base, símbolo de intensidade e inteligência tática.
Modric: o maestro humilde e exemplar, mesmo após o Ballon d’Or.
Asensio: um igual geracional, equilibrando expectativa e realidade.
Kroos: o metrônomo alemão que redefiniu o papel do meio-campo.
O fato de Vázquez citar esses nomes primeiro reforça seu apreço pelo lado humano do futebol — companheirismo, respeito e união.
Durante seus anos no Real, Vázquez trabalhou com Carlo Ancelotti, Rafael Benítez, Julen Lopetegui e Zinedine Zidane.
Quando perguntado quem mais o marcou, a resposta foi imediata:
“Foi o Zidane, e tive treinadores espetaculares; Ancelotti, Benítez, Lopetegui… mas o Zidane foi o mais especial. Tive uma boa relação com todos.”
O sucesso de Zidane é bem conhecido — três Champions consecutivas, duas La Ligas, e uma maestria única em gerir egos e rotações.
Para Vázquez, a marca de Zidane veio de:
Confiança e oportunidade: o francês o escalava em grandes jogos, inclusive finais da Champions.
Clareza tática: instruções simples e diretas.
Gestão humana: serenidade e empatia, criando um ambiente saudável.
Visão de ex-jogador: entendia as pressões de vestir branco.
Escolher Zidane em vez de Ancelotti é curioso, já que ambos conquistaram muito com o Madrid.
A diferença pode residir em:
Relação pessoal mais profunda com Zidane;
Momento da carreira: os melhores anos de Vázquez coincidiram com as passagens de Zidane;
Papel tático definido: sob Zidane, ele teve identidade clara; sob Ancelotti, o uso foi mais rotativo.
Mesmo assim, Vázquez fez questão de expressar respeito e gratidão a todos os técnicos.
Vázquez ingressou nas categorias de base do Real Madrid ainda adolescente e, como muitos jovens, foi emprestado — ao Espanyol, em 2014–15 — onde exibiu sua intensidade e versatilidade.
Retornou em 2015 e logo se tornou peça confiável.
Suas principais virtudes:
Trabalho defensivo incansável
Versatilidade tática (ponta, lateral, ala)
Confiabilidade em jogos grandes, incluindo final da Champions de 2018.

Em 18 anos, acumulou:
🏆 5 Champions League (2016, 2017, 2018, 2022, 2024)
🇪🇸 4 La Ligas
Além de Copas do Rei, Supercopas, Supercopas da UEFA e Mundiais de Clubes.
Um currículo digno de uma lenda silenciosa.
Após quase duas décadas, Vázquez deixou Madrid em 2025 rumo ao Bayer Leverkusen, buscando:
Mais minutos em campo
Novo desafio competitivo na Bundesliga e Champions
Segurança contratual na reta final da carreira.
Com cinco jogos disputados, Vázquez começa a se firmar sob o comando de Kasper Hjulmand.
Sua experiência e profissionalismo são vistos como fundamentais em um elenco jovem e em transição.
Próximos compromissos:
Mainz pela Bundesliga
Paris Saint-Germain na Champions — um teste de fogo e uma vitrine para provar que ainda pertence à elite.
Funções prováveis:
Rotação pela direita (ala ou lateral)
Mentor dos jovens
Peça confiável em partidas decisivas.
Lucas Vázquez simboliza o jogador que vence tudo sem ser astro.
Num futebol dominado por marcas pessoais, ele manteve a humildade, o trabalho constante e o respeito coletivo.
Sua jornada valida o sistema da La Fábrica: nem todos viram titulares, mas quem aproveita o que tem — como Vázquez, Nacho e Carvajal — torna-se essencial.
Por que eles são “espetaculares”:
Preparação obsessiva
Consistência ao longo dos anos
Liderança sem ego
Eles não apenas venceram — mudaram a cultura do clube.
Vázquez é fruto direto desse ambiente.
Seu estilo calmo e empático tirava o máximo de cada atleta.
Para jogadores de elenco como Vázquez, isso significava:
Respeito
Clareza
Confiança e oportunidades reais
Ancelotti tem genialidade própria, mas Zidane marcou por proximidade emocional e timing.
Agora na Alemanha, Vázquez fala com serenidade.
Suas palavras refletem gratidão, maturidade e vontade de inspirar.
É um tributo aos que o moldaram — e uma mensagem aos jovens:
Cultura de trabalho > talento bruto
Abrace seu papel
Cerque-se de pessoas que elevem seu nível
As reflexões de Lucas Vázquez sobre seus 18 anos de Real Madrid revelam a infraestrutura humana por trás de uma dinastia vitoriosa.
Ao destacar Cristiano Ronaldo e Sergio Ramos como exemplos de cultura de trabalho, e Zinedine Zidane como o mentor mais marcante, ele define os pilares que sustentaram o império merengue: preparo, disciplina, confiança e liderança.
Agora no Bayer Leverkusen, Vázquez carrega esses valores consigo — prova de que o espírito do Bernabéu viaja com quem o viveu de verdade.