Wayne Rooney, em entrevista exclusiva à BBC Sport, revelou sua lista pessoal dos cinco defensores mais difíceis que enfrentou durante sua gloriosa carreira na Liga dos Campeões da UEFA vestindo a camisa do Manchester United.
O detalhe mais chamativo? O astro inglês deixou Sergio Ramos de fora, apesar do espanhol ser uma verdadeira lenda da competição e dono de quatro títulos europeus.
Em vez disso, Rooney escolheu Alessandro Nesta, Ricardo Carvalho, Paolo Maldini, Gerard Piqué e John Terry — exaltando a inteligência, o senso tático e o caráter competitivo de cada um.
A ausência de Ramos gerou enorme debate entre fãs e analistas, especialmente considerando que o zagueiro espanhol é o jogador com mais partidas na história da Champions League (142) e autor de momentos icônicos, como o gol de empate aos 93 minutos na final de 2014.
Alessandro Nesta foi o símbolo máximo da elegância e inteligência defensiva italiana durante a era dominante do AC Milan nos anos 2000.
Rooney destacou o equilíbrio perfeito entre técnica e agressividade, chamando-o de “um defensor inteligente, calmo, mas capaz de ser cruel quando necessário” — uma característica que aparece em quase todos os nomes da sua lista.
A lembrança mais marcante de Rooney contra Nesta vem da semifinal da Liga dos Campeões de 2006–07, quando o Milan eliminou o Manchester United e seguiu até o título.
No jogo de ida, em Old Trafford, Rooney marcou dois gols na vitória por 3 a 2 e chegou a pensar que o italiano estava esgotado:
“Depois de dez minutos, eu podia ouvi-lo ofegando atrás de mim e pensei: ‘Peguei ele, não vai aguentar o jogo todo.’ Ele aguentou — mas marquei no último minuto.”
Entretanto, no jogo de volta, no San Siro, o cenário foi totalmente diferente. O Milan venceu por 3 a 0, e Nesta neutralizou completamente o ataque inglês.
Rooney descreveu-o como “um jogador totalmente diferente” naquela noite — sem fadiga, sem hesitação, apenas controle total.
“Aquilo foi uma verdadeira lição para nós”, admitiu Rooney. “Sentimos que tínhamos evoluído como time, mas aquele Milan era inacreditável.”
78 partidas disputadas
2 títulos da Champions (2003 e 2007)
Famoso por seu posicionamento impecável, precisão nos desarmes e leitura de jogo quase cirúrgica
Ricardo Carvalho foi o homem de confiança de José Mourinho, com quem trabalhou em três clubes, incluindo o Chelsea, em 2004.
Rooney destacou o português como “um zagueiro dificílimo de enfrentar”, elogiando sua experiência, liderança e jogo aéreo.
Rooney enfrentou Carvalho na final da Champions de 2008, quando o United venceu o Chelsea nos pênaltis.
Apesar da derrota, Carvalho impressionou o atacante inglês pela frieza e pela leitura defensiva.
Ambos travaram batalhas intensas também na Premier League.
Rooney também mencionou o episódio polêmico em que foi expulso após um lance envolvendo Carvalho nas quartas de final entre Inglaterra e Portugal.
“Ele era esperto e sabia usar pequenos truques para tirar vantagem. Era cruel também. Há um padrão nos jogadores que escolhi: todos eram inteligentes e sabiam as manhas.”
Segundo Rooney, Carvalho foi injustamente ofuscado por seu parceiro de zaga no Chelsea, John Terry, mas foi “uma peça crucial no sucesso do clube”.
86 partidas
1 título (2012, Chelsea)
3 gols, 2 assistências
Reconhecido por sua classe, domínio aéreo e inteligência defensiva
Considerado um dos maiores defensores da história, Paolo Maldini foi descrito por Rooney como alguém que “inspirava respeito apenas por estar em campo”.
Rooney enfrentou o lendário milanista três vezes e disse ter ficado “em completo estado de admiração”.
Rooney destacou a capacidade de Maldini de antecipar o futuro da partida, explicando:
“Você pensa que passou por ele, mas ele já está em uma posição melhor. Quando ele falava, o time inteiro ouvia. Tinha uma aura especial.”
Mesmo já veterano, Maldini controlava os jogos com inteligência tática e posicionamento impecável, jogando até os 41 anos e somando 901 partidas pelo Milan.
116 jogos
5 títulos da Champions (1989, 1990, 1994, 2003, 2007)
3 gols e 6 assistências
Exímio em duas posições: lateral e zagueiro
Rooney conviveu com Gerard Piqué no Manchester United, quando o espanhol ainda era uma jovem promessa.
Mais tarde, o zagueiro retornou ao Barcelona, onde se tornaria uma lenda.
Rooney acredita que Piqué “não recebe o respeito que merece”, mesmo tendo conquistado quatro Champions e uma Copa do Mundo.
Rooney destacou o talento de Piqué com a bola nos pés:
“Ele é tão bom quanto qualquer defensor no mundo em termos de passes e construção desde a defesa.”
Sua estatura e posicionamento compensavam a falta de velocidade, tornando-o peça-chave no estilo tiki-taka do Barça.
Rooney recordou que, à época, o United optou por manter Jonny Evans e vender Piqué de volta ao Barcelona.
“Ninguém poderia imaginar a carreira que ele teria. Superou todas as expectativas.”
Após deixar o United, Piqué enfrentou Rooney três vezes — e venceu todas:
Barcelona 2–0 Manchester United
Barcelona 3–1 Manchester United
Espanha 2–0 Inglaterra
128 jogos
4 títulos (2008, 2009, 2011, 2015)
16 gols, 2 assistências
Reconhecido por liderança, passe vertical e posicionamento inteligente

No topo da lista, Rooney colocou John Terry, chamando-o de “horrível de enfrentar” e “o melhor defensor que já jogou contra”.
Terry combinava liderança, imposição física e competitividade feroz — um verdadeiro guerreiro.
“Forte, dominante no ar, nunca fugia das divididas. Era uma ameaça nas bolas paradas e sempre te deixava algo — mesmo sem querer, te machucava um pouco.”
Rooney testemunhou de perto o momento em que Terry escorregou e perdeu o pênalti decisivo na final de 2008, algo que o perseguiu até o Chelsea conquistar o troféu em 2012.
Rooney também fez questão de ressaltar o lado técnico de Terry:
“As pessoas não dão o crédito que ele merece. Jogava muito bem com os dois pés.”
109 jogos
1 título (2012)
10 gols, 6 assistências
Símbolo de liderança, força e presença aérea
Sergio Ramos é o recordista histórico de partidas na competição (142), superando Casillas (141) e Cristiano Ronaldo (139).
Venceu quatro Champions pelo Real Madrid (2014, 2016, 2017, 2018) e protagonizou momentos eternos — especialmente o gol de cabeça aos 93 minutos na final de Lisboa (2014).
Ambos se enfrentaram várias vezes, incluindo nas oitavas de final de 2013, quando o Real Madrid eliminou o United.
Ramos teve atuações sólidas nesses confrontos, neutralizando Rooney em diversas ocasiões.
Especialistas levantam algumas hipóteses:
Experiência pessoal: Rooney pode não tê-lo sentido tão dominante em duelos diretos.
Estilo diferente: Ramos era agressivo e arriscado — o oposto do perfil “controlado e cerebral” que Rooney admira.
Posição: O espanhol começou como lateral-direito, e Rooney o enfrentou várias vezes nessa função.
Viés inglês: Três dos cinco nomes (Terry, Carvalho, Piqué) jogaram na Premier League, cenário mais familiar a Rooney.
Rooney destacou que todos os defensores escolhidos eram “inteligentes”, sabiam “os pequenos truques” e possuíam mentalidade de vencedor.
Cada um, à sua maneira, “sabia ser maldoso”, como ele mesmo disse — fosse nos contatos físicos ou no jogo psicológico.
Rooney afirmou que os defensores de sua época eram mais completos e implacáveis do que os da geração atual, embora reconheça o talento de nomes como Virgil van Dijk, Rúben Dias e Antonio Rüdiger.
Para ele, o futebol moderno valoriza mais a construção de jogadas do que o confronto direto — algo que define sua lista como um tributo à era dourada dos zagueiros clássicos.
A lista de Rooney — Nesta, Carvalho, Maldini, Piqué e Terry — oferece uma visão pessoal e nostálgica dos duelos que moldaram uma das maiores carreiras do futebol moderno.
A exclusão de Sergio Ramos é controversa, mas reflete o que Rooney mais valorizava: inteligência, liderança e a capacidade de ser “nasty” — implacável, se necessário.
Mais do que uma simples lista, é uma homenagem à arte de defender — e a uma geração de gigantes que transformaram o ato de impedir gols em algo tão belo quanto marcá-los.