O capitão do Monterrey, Sergio Ramos, foi multado pelo Comitê Disciplinar da FMF (Federação Mexicana de Futebol) após criticar publicamente, nas redes sociais, o árbitro Luis Fernando Santander, em decorrência de dois gols anulados durante a partida contra o Santos Laguna pelo Apertura 2025 da Liga MX.
A publicação do zagueiro espanhol — na qual afirmou que decisões desse tipo “só acontecem nesta liga” — foi considerada uma violação ao código de conduta da competição. A sanção financeira chega num momento em que o Monterrey disputa a liderança do torneio, ocupando o segundo lugar, com 25 pontos.
No duelo entre Monterrey e Santos Laguna, pela fase regular do Apertura 2025, Sergio Ramos teve dois gols anulados, momentos decisivos que explicam sua explosão de frustração e o posterior desabafo público.
O primeiro gol foi corretamente invalidado por impedimento, confirmado após revisão em vídeo. As imagens mostraram que o espanhol estava ligeiramente adiantado — decisão tecnicamente precisa conforme as regras atuais de impedimento.
Já o segundo lance se tornou o estopim da polêmica. Torcedores, comentaristas e jogadores não conseguiram identificar nenhuma falta clara ou posição irregular que justificasse a anulação.
A ausência de uma explicação transparente — nem pelo árbitro nem pelo VAR — aumentou a indignação dos jogadores e da comissão técnica do Monterrey.
Para Ramos, acostumado a padrões de arbitragem da La Liga e da Champions League, a falta de clareza e coerência representou uma frustração maior: “inconsistência e ausência de responsabilidade” no sistema da Liga MX.
Luis Fernando Santander foi o responsável pelo apito na partida. Suas decisões — especialmente a que anulou o segundo gol — tornaram-se o centro do debate.
Embora erros de arbitragem sejam parte do futebol, o que mais irritou jogadores e torcedores foi a falta de comunicação oficial sobre os motivos da marcação.
Essa omissão abriu espaço para críticas diretas como as feitas por Ramos.
Após o apito final, Ramos escreveu em suas redes sociais:
“Que falta vergonhosa ele marcou. Depois, me empurram em escanteios e dizem que é parte do jogo… A marcação de hoje foi uma piada. Isso só acontece aqui, nesta liga.”
A mensagem continha três elementos-chave que levaram à punição:
Crítica direta ao árbitro, chamando sua decisão de “vergonhosa” e “piada”;
Comparação depreciativa, insinuando que a Liga MX tem nível inferior a outras competições;
Acusação de incoerência, alegando que sofre faltas não marcadas enquanto lances banais são punidos.
Tais declarações, ainda que compreensíveis no calor da emoção, violam as normas de conduta da Liga MX. Em qualquer grande campeonato, comentários públicos que questionam a integridade de árbitros resultam em advertência ou multa.
O Monterrey foi notificado oficialmente no início da semana.
A punição: multa financeira — cujo valor não foi revelado publicamente.
Segundo o regulamento disciplinar da Liga MX, sanções típicas incluem:
Multas por críticas públicas a árbitros ou dirigentes;
Suspensões em casos de reincidência ou linguagem ofensiva grave;
Treinamentos obrigatórios de conduta para infratores reincidentes.
Por se tratar de uma primeira infração, Ramos recebeu apenas uma multa, sem suspensão.
O Comitê justificou a punição com base em três princípios fundamentais:
Proteger a autoridade dos árbitros, evitando que críticas públicas enfraqueçam seu papel;
Manter a integridade competitiva, já que questionamentos públicos mancham a imagem do torneio;
Evitar precedentes, impedindo que outros jogadores sigam o exemplo.
Sergio Ramos chegou ao Monterrey em 2025 após uma carreira lendária:
16 temporadas no Real Madrid, passagem pelo PSG, e títulos de peso — 4 Champions League, 5 La Ligas, 1 Copa do Mundo e 2 Eurocopas.
Sua chegada ao México foi tratada como um marco para o futebol local, elevando o status internacional da Liga MX.
Mas a adaptação não tem sido simples.
Estilo físico: a Liga MX é mais intensa e permissiva no contato físico.
VAR inconsistente: sua aplicação ainda varia, sem comunicação pública clara.
Cultura midiática distinta: expressar frustração abertamente é visto como quebra de protocolo.
A expressão de Ramos — “só acontece nesta liga” — repercutiu como um golpe na reputação da Liga MX.
Para muitos, a crítica foi uma forma de menosprezar o futebol mexicano; para outros, um grito legítimo por maior profissionalismo na arbitragem.
Mesmo que a frase reflita frustração momentânea, ela colocou Ramos em rota de colisão com a cultura e as normas locais.
Além da polêmica, Ramos sofreu uma entrada violenta do atacante Anthony Lozano, do Santos Laguna. O lance lhe causou um corte acima da sobrancelha, exigindo quatro pontos.
Em tom mais leve, ele escreveu depois:
“A todos que perguntaram, estou bem. Quatro pontos na sobrancelha e mais uma marca para as lembranças. Não quero uma vida sem cicatrizes.”
A postagem revela o espírito guerreiro de Ramos — o mesmo que o transformou em ídolo por onde passou.
Curiosamente, o contraste entre reclamar de faltas leves e aceitar ferimentos sérios mostra a contradição central de sua frustração: a incoerência da arbitragem.
Com 25 pontos e ocupando o 2º lugar na tabela, o Monterrey segue firme sob comando de Domenec Torrent, equilibrando solidez defensiva com bom aproveitamento ofensivo.
Num campeonato equilibrado, qualquer ponto perdido por erro de arbitragem pode custar caro.
Como a liguilla (fase final) depende da classificação geral, posições mais altas garantem mando de campo — vantagem vital nas eliminatórias.
Apesar de presente há alguns anos, o VAR no México ainda sofre críticas:
Falta de transparência nas explicações das decisões;
Uso seletivo, com revisões em lances menores e silêncio em jogadas graves;
Comunicação limitada entre árbitro e público.
A Liga MX é tradicionalmente mais permissiva em contato corporal, o que confunde jogadores vindos da Europa.
O que é falta em um jogo pode não ser em outro — e essa inconsistência amplifica a percepção de desorganização.
Na Espanha, críticas públicas a árbitros rendem multas entre €3.000 e €10.000 e, em casos reincidentes, suspensões.
O próprio Ramos já foi punido durante sua passagem pelo Real Madrid por comentários semelhantes.
Na Inglaterra, a FA é ainda mais severa. Jogadores e técnicos são multados e até suspensos por declarações que questionem a integridade dos árbitros — mesmo que ditas em tom leve.
A multa será paga pelo clube ou deduzida do salário do jogador. Embora o valor não tenha sido divulgado, ofensas de primeira vez costumam gerar punições moderadas.
Caso volte a repetir esse tipo de declaração, Ramos pode enfrentar:
Multas progressivas;
Suspensões que afetariam diretamente o Monterrey;
Perda de prestígio com árbitros e dirigentes.
Mais do que uma penalidade, o episódio é um choque de culturas.
Ramos precisará compreender que, na Liga MX, a linha entre opinião e desrespeito é bem mais estreita que na Europa.

A torcida do Monterrey, em grande parte, ficou do lado do capitão, vendo suas palavras como um desabafo legítimo diante de decisões injustas.
Alguns comentaristas, porém, consideraram o post inapropriado e arrogante, argumentando que colocar a culpa na liga desvaloriza o futebol local.
O caso reacendeu discussões sobre:
A qualidade da arbitragem mexicana;
A aplicação do VAR;
O equilíbrio entre proteger árbitros e permitir liberdade de expressão.
O Monterrey visita o Tijuana, e o confronto é uma chance de:
Virar a página após a semana conturbada;
Recuperar foco e somar pontos;
Mostrar liderança de Ramos dentro de campo, não fora dele.
Como o sistema de playoffs valoriza o desempenho final, manter-se entre os quatro primeiros é essencial.
Para isso, Ramos precisará canalizar sua energia competitiva no campo — e evitar novos choques disciplinares.
Expressar frustração pelos canais corretos, e não nas redes;
Compreender a cultura local, adaptando-se ao ambiente mexicano;
Transformar críticas em motivação, mantendo foco no desempenho esportivo.
Melhorar a transparência do VAR, explicando decisões ao público;
Padronizar critérios de arbitragem;
Proteger árbitros, mas permitir críticas construtivas sem punições automáticas.
A multa imposta a Sergio Ramos pelo Comitê Disciplinar da FMF simboliza o conflito entre a paixão de um atleta acostumado à elite europeia e a necessidade institucional da Liga MX de preservar sua credibilidade.
Embora seu desabafo tenha ecoado a frustração de muitos torcedores, a frase “só acontece nesta liga” ultrapassou a fronteira da crítica esportiva e tocou na honra da competição.
Para o Monterrey, o episódio serve de alerta: o foco precisa voltar ao campo.
Para Ramos, uma nova lição de adaptação — dentro e fora das quatro linhas.